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Irmã Hilária Ludwig: 60 anos de doação

Aos 12 anos ela entrou para o juvenato das SSpS e, após fazer os primeiros votos,

começou a trabalhar em prol dos desfavorecidos e desamparados, acumulando lições de fé e humildade durante os seus 60 anos de vida consagrada

Desde criança, a irmã Hilária Clara Ludwig, da Congregação Missionária Servas do Espírito Santo (SSpS), respondia que queria ser religiosa sempre que perguntavam o que ela gostaria de ser quando crescesse. Ela nasceu no dia 12 de agosto de 1940, na localidade de Boa Vista, na época pertencente ao município de Montenegro (RS) e atualmente faz parte da cidade de Poço das Antas (RS). Ao completar 60 anos de vida consagrada, ela continua sua missão em Canoas (RS), no Centro Educacional Madre Josefa, onde trabalha ativamente na evangelização de crianças.


Ela vem de uma família bastante religiosa e os pais foram os primeiros catequistas de todos os 14 filhos, foi com eles que a irmã Hilária aprendeu a rezar e conheceu as primeiras lições da Bíblia. Ela conta que a família rezava o terço todos os dias, fazia orações antes e depois das refeições e percorriam sete quilômetros a cavalo ou charrete para ir à missa todos os domingos. “Era um clima tão religioso que nossas brincadeiras de criança eram procissões, celebrações de missas, orações e cantos religiosos”, lembra.


Descobrindo uma grande vocação

Quando a irmã Hilária frequentava a escola primária, no interior de Poço das Antas, os alunos recebiam vez ou outra a visita de padres jesuítas, irmãos lassalistas, maristas e freis franciscanos. Mesmo sem ter contato com nenhuma irmã religiosa, ela tinha o enorme desejo de entrar para o convento. “Tenho certeza de que era Deus me dando o primeiro toque”, afirma.


O chamado para servir veio em 1952, quando as missionárias SSpS chegaram ao município e assumiram os trabalhos do, então, Hospital 25 de Julho. Na mesma época, sua mãe adoeceu e precisou ser hospitalizada. “Nós fomos visitar a minha mãe no hospital e neste dia conheci a irmã Bernadina. Durante a conversa, ela me perguntou se eu queria ser religiosa como ela e, pela primeira vez, eu disse sim”, lembra.


Aos 12 anos, a irmã Hilária foi encaminhada para o juvenato na cidade de Três Passos e admite que a notícia foi recebida com um misto de sentimentos pela família. “Todos ficaram felizes, mas ao mesmo tempo receosos e duvidando da minha perseverança. Porém, não deixaram de me apoiar, incentivar e rezar por mim”, frisa. “Meu querido papai me levou até o juvenato numa viagem de dois dias e a quase 500 quilômetros longe de casa”, recorda.

A vida no convento era muito regrada e disciplinada

Após dois anos de juvenato de Três Passos, a irmã Hilária continuou os estudos em Porto União (SC) e no ano seguinte foi transferida para Belo Horizonte (MG), onde permaneceu por três anos. Ela retornou a Poço das Antas para um ano de estágio e, em 1960, foi admitida como postulante no Convento Santíssima Trindade, em Santo Amaro (SP). Ela iniciou o noviciado e no dia 8 de dezembro de 1962 fez os primeiros votos. “Lembro desse tempo tão maravilhoso com muita alegria e gratidão. Foram 10 anos de muita perseverança e firmeza na vocação”, frisa.

A vida no convento era dividida em momentos de oração trabalho, lazer, descanso e higiene pessoal. “Era tudo muito organizado, conforme os costumes europeus. Tínhamos horário para tudo, mas nos adaptamos com facilidade. Era muito bom”, recorda. Após os primeiros votos, irmã Hilária iniciou as atividades missionárias em diversos lugares e diversas pastorais. No Paraná, ela atuou nas cidades de Ponta Grossa, União da Vitória, Medianeira e Cascavel; e também nos municípios Humaitá, Três Passos, Poço das Antas, Canoas e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Atualmente, sua missão é em Canoas, no Centro Educacional Madre Josefa, junto aos pequenos.


Alegrias e desafios da vida missionária

Durante a sua vida missionária, a irmã Hilária conseguiu realizar o sonho de ser professora e trabalhar junto aos alunos carentes. “Também consegui realizar o sonho de trabalhar no meio do povo excluído e marginalizado, dedicando-me aos idosos debilitados e necessitados”, destaca. Um dos momentos que considera mais marcantes foi a transferência para a Vila Pinto, em Porto Alegre, onde permaneceu por dez anos, desde a sua fundação, numa realidade muito diferente da qual estava acostumada. “Aprendi lições de generosidade, solidariedade, hospitalidade, desprendimento, simplicidade, compaixão e, sobretudo, a oração simples e confiante; foram lições de humanidade muito valiosas para mim que me enriqueceram em todos os sentidos”, garante.


Entretanto, a religiosa confessa que foi preciso abdicar de muita coisa para seguir a sua vocação. “Além do sonho de casar e ter filhos, tive que renunciar o convívio com minha família, pois quando entrei no noviciado, não era permitido visita aos familiares. Fiquei oito anos sem ver meus pais e irmãos”, comenta. Ela garante que, mesmo assim, em nenhum momento chegou a duvidar da sua vocação. “Embora tivesse, algumas vezes, a tentação de largar tudo, mas Deus sempre foi agindo em mim e confirmando meu chamado”, enfatiza.


60 anos de vida consagrada

Ao completar 60 anos de vida consagrada, irmã Hilária garante que se sente feliz e realizada com a sua vocação. “Agradeço, todos os dias, ao bom Deus por ter sido chamada à Congregação Missionária das Servas do Espírito Santo e por poder ativamente contribuir na obra missionária, principalmente na missão educativa”, salienta. Ela continua atuando no serviço de coordenação da comunidade, da escola e da secretaria. Além disto, alguns dias da semana prepara a refeição para a comunidade e também atua como motorista. “Quero continuar sendo presença do grande amor que Deus tem por todos nós. Quero viver e testemunhar o ideal deixado pela nossa geração fundante Santo Arnaldo Janssen e as bem-aventuradas Madre Maria e Madre Josefa”, frisa.

Na retrospectiva que faz da sua vida como missionária, irmã Hilária acredita que Deus sempre a acompanhou, protegeu e santificou com grande amor, ternura e compaixão. “Procuro sempre viver na presença de Deus, lembrando que Nele vivemos, nos movemos e existimos. Sinto, com muita alegria, que meu relacionamento com Deus é de filha amada”, salienta. Ela acrescenta que procura viver conforme Jesus viveu e que, a exemplo de Madre Josefa, muitas vezes durante o dia invoca o Espírito Santo. “Também devo um enorme agradecimento à Virgem Maria que sempre foi e é minha companheira, protetora e auxiliadora. Ela nunca me deixou na mão”, reforça.


Deus convoca os seus escolhidos

"Num grande louvor e ação de graças agradeço ao Deus Uno e Trino por ter me amado e chamado à vida religiosa consagrada. Gratidão à congregação, aos meus familiares e a todas as pessoas que contribuíram na realização da minha vocação", frisa. Irmã Hilária também deixa um recado para os jovens que ouviram o chamado e estão descobrindo a sua verdadeira vocação. “Se você se sente chamado por Deus para a vida consagrada, não tenha medo de dizer um sim generoso. Ele chama, espera resposta e acompanha com sua graça, mas a decisão depende de você. A missão é grande e faltam operários”, sublinha, destacando que vale a pena dedicar uma vida inteira à causa do Reino.


Alguns momentos celebrativos da vida consagrada de Ir. Hilária










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