A Morte como Plenitude

A morte é o momento em que rompemos com as coisas deste mundo; rompemos com as coisas com as pessoas que amamos. Não dá para negar que de fato, a morte seja mesmo o fim de uma jornada. Talvez pudéssemos compará-la , um pouco como entardecer de um dia, o fim de uma festa, o último aceno de um encontro, o fechar das cortinas de um grande espetáculo. O fato é que nos acostumamos associar fim como algo ruim. Quando entendermos que o fim não necessariamente precisa significar algo negativo, a própria dor da separação de um ente querido, será diferente. Até mesmo, quando sentimos que a morte nos ronda, seja por uma doença terminal ou pela velhice, a nossa atitude será bem diferente.
A morte causa sem dúvida um trauma na família, na sociedade e em quem perdeu a pessoa querida. Mas, quando esse fim é entendido como meta alcançada, então passa ser nascimento, ou ainda, ponto de partida e não apenas ponto de chagada.
De fato, marca a ruptura de um processo, cria uma separação, cria uma cisão entre o tempo e a eternidade. Mas, isto diz respeito apenas ao aspecto biológico, temporal, porém, sabemos que a pessoa humana é mais do que isto, é mais do que animal,mais do que material. O ser humano é mais do que o tempo, ele aspira pela eternidade, mas a totalidade do seu ser, a morte não só a sua animalidade, mas a totalidade do seu ser, a morte não é o fim de tudo, mas sim, o ponto de partida da vida verdadeira e eterna.
O ciclo normal da vida é: nascer, crescer, amadurecer, envelhecer e morrer. Quando alguém não passa por este processo de vida, por este caminho, significa que algo de errado aconteceu. E é bom que se diga, não é a vontade de Deus. Quem morre quando criança ou na juventude, morre fora de hora. Deus naturalmente, não quer isto.
Mas, a vida tende a manter-se.Apesar desta luta para sobreviver, sentimos que a vida vai-se esvaziando, as nossas energias vão diminuindo até o dia de se esgotar por completo. Então, sobrevém, a morte, o ponto de chagada. Mas, como dissemos acima, o ser humano não é só animal, não é só matéria. Existe outro ciclo,outro trajeto, que vai além, superando o trajeto biológico, cresce num sentido inverso. Na medida em que passam os anos, a pessoa vai crescendo por dentro, interiormente. E é só neste contexto que entenderemos a morte como início da vida verdadeira. Então, encontramos o sentido daquela expressão da Igreja, quando chama morte dos Santos e "dies natalis" - dia do nascimento, morte como nascimento, como início e não como fim.
Que estes pensamentos nos levem a ver a vida e a morte com muito mais otimismo e principalmente com muito mais sentido cristão e religioso.
