Efeito da pandemia no Lar São José

Estamos atravessando a pandemia de Covid19, fato que mudou nossa vida da noite para o dia. Estávamos no sossego e na alegria da convivência interna com os 50 idosos residentes e tínhamos visitas diárias de amigos e parentes.
De repente, em 19 de março de 2020, tudo mudou: o governo local decretou estado de emergência devido ao coronavírus. Não pudemos receber visitas, as portas foram trancadas, os colaboradores chegavam e saíam de um turno de 12 horas de trabalho e em número reduzido; houve afastamento em massa dos funcionários para quarentena. Os poucos funcionários que continuaram precisavam usar máscaras e roupas de proteção. Essa mudança radical e repentina assustou os idosos residentes e, então, surgiu a necessidade de tranquilizá-los explicando-lhes que fazíamos uso dos equipamentos para melhor cuidá-los e protegê-los.
Estávamos na torcida de que o novo vírus não chegasse à nossa cidade. Fomos surpreendidos: o primeiro caso foi um senhor, vizinho e irmão de nossa cozinheira! Recebemos a notícia pelo rádio e o medo novamente nos desestabilizou, chorávamos abraçados... Cada um tinha algum familiar que era de risco, “o qual precisava proteger”. Alguns até mencionavam abandonar o trabalho no Lar de Idosos, outros apresentaram vários atestados seguidos e o trabalho colaborativo enfraqueceu... Tudo era compreensível, apesar de árduo para os que permaneceram. Nossos vizinhos e amigos nos socorreram fazendo pães e bolachas durante 20 dias; parentes dos idosos e comerciantes nos doaram equipamentos de proteção individual. Graças a Deus surgiram pessoas generosas e a solidariedade se fez. A amizade, a entre ajuda, e a compreensão entre os colegas de trabalho tornaram-se visíveis, o serviço que antes era de alguns, agora era de todos. Cuidavam-se uns ao outros e se importavam com todos.
As irmãs do grupo de risco, que estavam afastadas da presença no Lar, muito nos ajudaram costurando máscaras e aventais para os funcionários; colhendo e preparando frutas, legumes e hortaliças que seriam oferecidos diariamente aos idosos residentes.
A tranquilidade parece estar voltando, pois tivemos cerca de 70 casos de covid19 na cidade e 40 já estão curados. Por aqui, a letalidade é menor que a revelada pela mídia.
Nesses últimos 70 dias não teve missa no Lar. Nós irmãs pudemos participar de apenas cinco vezes da Santa Missa na paróquia. Hoje, 31 de maio, dia de Pentecostes, reunimos dez idosos residentes, cinco irmãs, dois freis franciscanos e tivemos a primeira missa na nossa capela depois do início da pandemia de Covid19. Deus seja louvado e que essa “terrível doença”, como diz Júlio, 98 anos, deixe-nos para sempre.
Confira alguns momentos:




